o pesadelo é intenso
eu acordei e li em meu caderno:
"um termina só,
destruir tudo que você acredita,
destruir tudo que você acredita..."
eu levantei e vi meu mundo violento
correndo pela noite
vi a desgraça em fragmentos
armas, nuvens turvas de neblina
botei os pneus na estrada
fui queimando gasolina
virei a esquerda
desci algumas ruas
subi uma ladeira
fui parar em uma colina
vi de longe um rosto conhecido
mas era uma ilusão desenhada em minha retina
caminhei pelo deserto
entre o vil e o incerto
sujo de lama
fiz do chão a minha cama
eu vi o inferno
em um sopro de não vida
de um cadaver roubei um terno
com os pés descalços eu ainda corro
se me pegam acho eu morro
a sensação da disfunção
o cerebro disperça
a cocaina se acabou
eram dias de inverno
o outono terminou
sinto pena dos corpos
toda lágrima secou
eu era selvagem agora sou fera
destruindo sem vertentes...
se te pegar já era!
não tenho fome
tenho sede de sangue
fui criado pelo homem
pela sociedade dominante
sou vagabundo, sujo, mudo
fui calado, fiquei louco
vivenciei este absurdo!
"um dia em que andava pela rua
vi uma placa de aluga-se
criei raizes e dois filhos
uma menina e um menino
uma esposa tão bonita
que me encheu e meti tiro"
em todo lugar existem penas de minhas asas caidas
em meus olhos chagas, em meu corpo as feridas
das luzes lúcidas e das luzes esquecidas
quanto tempo ainda resta?
não comprovo, me contesta!
pelas mãos de um veterano
incorporo e escrevo o plano
o futuro é incerto
o destino é um cão insano!
"certo dia aquele policial viu uma puta
a chamou em um beco escuro
ameaçou voz de prisão
mas a comeu no muro
morreu de aids 7 anos depois"
e que se espalhem,
que as vozes não se calem
que os corações amem
para que o destino os estraçalhem
nas drogas e no alcool
no tabaco e no consumo
não sei se dou sumiço ou sumo
"lembra da mãe que largou a criança no lixão?
cegaram a cretina e lhe cortaram uma mão!"
a guerra das nações
e dos povos e multidões
se hoje dou a critica
que venha a revolução
morrer hoje em batalha
me retalha o coração
somos heróis, matamos homens
defendemos o estado!
somos criticos funestos
enterramos o passado
"ainda não pegaram o maniaco
que mata e estupra mulheres
tomara que não o peguem antes que ele
conheça a vadia da minha ex namorada
aquela suja desgraçada"
outras vozes, outros tempos
escrevemos mas não cremos
o passado se repete
o amor nos abatemos
"e na cama peguei ela com outro
mirei na cabeça, mas acertei foi o pescoço"
capitalismo desenfreado, escravismo sem igual
foi tentando ir pra frente que voltei ao meu quintal
"as guanges estão em guerra, skin heads, punks e outros
discursando uma balela
mas eu não reclamo, eles podem se matar
que se matem entre sí, menos gente pra aturar"
nas esquinas eu te olho
nas sombras te espero
sou teu sonho mais profundo
e é só você que eu quero
que o passado sempre viva
na natureza do seu sorriso
matar-lhe-ei se for preciso
para ter seu corpo frio
para sempre comigo
neste meu velho brasil
Bruno the joker