sábado, 21 de setembro de 2019

Perdido

As ruas são oque deveriam ser
nas ruinas das calçadas repolsa teu olhar
surge uma pintura feita com cimento sujo
e você se questiona se era ali que deveria estar

nos estalares dos calcanhares, nos paralelepipedos
se ouve um solfejo
nos latões incendiados
é que espelham seu desejo

o desejo de queimar
animal...
as chibatas de vento agridem
o teu corpo em vendaval

o cimento que lhe gela os pés
se banha com sangue de quem quer
as poças lhe perturbam
teus alicerces enferrujam

mas você só quer queimar
mesmo que tuas estruturas desabem
e seu nobre castelo
tombe e se desfaça no ar

se perde quem quer

bruno the joker

Coturnos inativos

Coturnos inativos jogados ao chão
outróra usados em uma guerra em vão
agora sem serventia são somente pedaços de couro
marcados, salpicados com sangue e choro

coturnos inativos jogados ao chão
outróra usados com amor e paixão
cujo dono, um jovem, seu pé já não há
o corpo descança em algum lugar

tombado em ação junto ao seu fuzil
seu sangue, jovem e viscoso fugiu
a vida tão frágil exauriu

em uma guerra de mentiras
de motivos excussos
na guerra bondade não há
crianças são mandadas para tombar
por homens frios que manipulam as massas
e trazem às familias a perda, a desgraça

para que um dia os coturnos sejam esquecidos
sem seus donos para lhes engraxar
porque por amor serviram seus países
países que não exitaram à morte seus filhos mandar

e hoje,
coturnos inativos apodrecem no chão
com os cadarços embaraçados e o couro desgastado
coturnos inativos usados em vão
esquecidos em sua inatividade cadaverica
amortecidos na vergonha de seu país genitor
com o fim de sua era
e a dormencia da besta fera

Bruno The Joker

sábado, 17 de agosto de 2019

Terra de ninguêm

Eu sei que nunca mais vou ver como via, o belo nascer do sol, que me inspirava a acreditar que o mundo mudaria. Agora eu sei que o relógio do tempo nunca para de caminhar, me fazendo envelhecer, trazendo a morte da infância e a perda da inocência com o fim da minha relevância.
Todos os ideais jovens de querer que o mundo mude são sepultados um a um, assassinados pela frieza e pela crueldade da realidade. Com isso perco minha identidade, sinto-me somente mais um, seguindo o sistema enquanto vejo talentos desperdiçados, que morreram ao tentar alcançar ilusões sedutoras de poder e glória ao seguirem pelo caminho errado, se perdendo na escuridão das mentiras no caminho sem volta da noite. Com isso comprovo que ninguêm se importa com ninguêm, pois em nosso mundo, quem reina é a cobiça, onde pedaços de papel comandam vidas.
Então busco velhas esperanças, mas logo descubro que tudo é uma mentira, amaldiçoando os "homens sagrados" do novo e do velho testamento. Me vejo sozinho, perdido em uma terra de ninguêm e acordo para mais um dia, sabendo que sou um vencedor, pois é sobre as adversidades que se vê a verdadeira força de um homem.

Bruno the joker






Oque somos

Tudo é perfeito e imperfeito, explicável e inexplicável ao mesmo tempo
o que traz a dúvida se tudo aquilo que está acontecendo realmente faz parte daquele momento
tudo é claridade e escuridão, tudo é perto e longe ao mesmo tempo, trazendo a dúvida se tudo aquilo que estou comendo é comida ou escremento...
a rapidez faz-se lenta, enquanto bons pensamentos se tornam incoerências, trazendo a sua massa encefálica a perfeita dívida da imperfeita certeza.
O universo traz o nada e o tudo, a matéria,a antimatéria, o chão cagado e a privada limpa.
Arma de fogo ou canivete?
Jesus cristo tem chifres enquanto o bom samaritano agora é satanaz?
O finito é infinito enquanto a justiça é cega, mas pode ver a cor do dinheiro! o que somos afinal?
somos brinquedos? partículas? moléculas? palhaços sem circo? somos alguma coisa ou não somos nada?

Bruno the joker

Aquelas luzes

O tempo passa
o dia vem após a noite
a vida renasce em uma eterna conjectura ilustre
tal falange reluz de forma lasciva, porém culta
pois o discernimento é a necessidade do nosso mundo
sendo todo inimaginável necessário para um bom discernimento
quando sentir parece tão intelegivel
o entardecer renova a experiência
experiência eterna
a de viver
a do saber
Onde o sofrimento é um eminente lembrete
ao ver as luzes ofuscadas após a chuva
esclarecendo que o tempo é curto
que nada é realmente nosso
a não ser o livre acesso aos extremos
ao contexto do jogo
ao todo

Bruno Giannotti

Meu Anjo

Eu me lembro dos velhos dias
da solidão nas noites frias
de olhar o mundo com olhos tristes
ao pensar que o verdadeiro amor não existe

posso ouvir as velhas músicas
que refletiam minha velha angustia
ao pensar que construiram o mundo com mentiras
naqueles meus velhos e obscuros dias

mas o mundo girou
o tempo passou
e hoje vejo que estive errado
em meu distante passado

pois conheci você
um realce ao meu ser
e mesmo sem nunca te ver
posso dizer que quero te ter

agora minha razão é você
minha força de viver
será minha rainha eu sei
ao teu lado serei rei

você não é uma ilusão
é minha luz na escuridão
e sem você minha vida para
meu anjo de beleza rara

Bruno the joker

domingo, 9 de junho de 2019

Os céus estão em queda

A chuva cai, pesada e continua
Alarmante é o palpitar do coração
Está caindo o céu agora
Batem gotas gelidas lá fora

Fora do concreto
Fora de alcance
A vida é um sopro
Um olhar de relance

A chuva cai e se infiltra
Gotas pingam na tampa de madeira
Acalmando a mente
Que não mais devaneia

A chuva cai e inunda a alma
Transforma tudo em um oceano profundo
Continuar já não é uma escolha
Na despedida do mundo

Os céus caem agora
As flores morrem lá fora
A música é silenciada
O grande maestro foi embora

Bruno Giannotti

Obs.: em memória de André Matos

Deja vu

Oh ironia
minha cruel compania

olho e procuro
mas não enxergo no escuro
a rua é bonita
chão de paralelepipedos
disforme como a vida
e seus designios

a garoa incomoda
causa mau estar
não molha
nem deixa secar

deja vu
emoções que senti
o filme inédito
que já assisti

oh ironia
minha cruel compania

beijos e mais beijos
e seus desleijos

Bruno Giannotti

Humano

Eis que surge o humano
e constrói seu aparelho
a cópia é tão identica
quanto o reflexo do espelho

o humano ama por algum tempo
mas algo se quebra
e o coração que um dia pulsara
fica duro como pedra

eis que para alguns o tempo para
criam raizes e amarras
mas para outros o tempo continua
muda o sol, mudam as luas

é aí que o humano difere
é aí que a vida não confere
alguns vencem
outros perdem

aí vem um esperto e diz que não se pode ter tudo
impondo mais essa regra
cada um deveria ter seu próprio mundo
mas a sorte se faz cega

Bruno Giannotti

Em memória ao enfermo

Veloz, veloz!
O maldito é feroz
ruminou capim o dia inteiro
explodiu o porco enfiando-lhe um morteiro

corra, corra!
ele quer que você morra
vá correndo, vá a forra!
a cada hora só piora

não demora
para a burrice não tem hora

é crucial
acertaram o animal
foi surreal
um passo além do normal

os estupidos formataram as massas
mas pelo enfermo ninguém passa
os malditos lhe arrancam a visão
uma baforada e o vidro embaça

chega, chega disso!
presentearam o enfermo
com um belo nó corrediço

o enfermo foi o unico que viu
e por causa disso
foi para aponte que partiu

Bruno Giannotti