quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Sem super heróis

O desamor,
a incansável procura que nós afastou do centro
já não poderemos voltar
já saimos de dentro

envelhecimento insuportável,
castigando e punindo por mero capricho
faz do homem apenas homem
faz do bicho apenas bicho

sem super heróis
sem imortáis
sem juventude

as ilusões cairão por terra, junto aos sonhos quebrados
não somos eternos, não somos pedra, não somos montanha
a cada segundo, menos um minuto
a memória se apaga, lá se vão suas façanhas

no virus que te ataca,
na doença venerea que consome sua carne
aos poucos vamos partindo
juntos aos desejos...
sumindo

Bruno G.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Candelabro de prata


As traças comem a velha partitura amarelada
notas e acordes somem a cada segundo
tornando cada vez mais sem sentido
a música que toca ao fundo

continua a chover neste dia nublado
a velha mansão está em pedaços
aos poucos somem as lendas, perde-se um marco
enquanto a construção afunda no solo charco

observa a tudo de longe o velho demente
mas apesar de inerte, decai em prantos em seu inconsciênte
enquanto perde suas memórias remanescentes

não há mais fauna
não há mais flora
há somente a relva daninha
que se enrosca na espora

desatino descarado
arrepios infundados
gargalha o velho demente
no inconciente ele pressente

o candelabro de prata escureceu com o tempo
as velas já não o visitam a tempos
o velho demente permanece na mansão em pedaços
vestindo velhos farrapos

não há compania
não há outro ser vivente
é o fim das eras
a morte da serpente
gargalha o velho demente
já sabendo o que tem pela frente

Bruno Giannotti

Festa

Na calada da noite começa a festa
festa essa que nada tem de novo
as vozes são as mesmas
assim como meu medo tolo

dama e valete se perdem no baralho
dentro de um jogo de buraco
buraco da alma
de um jogador alcolizado

cordas metalicas cortam meus pulsos
gerando sons que me ensurdecem
que me confundem e isolam
de tudo que acontece

o sangue cai sobre a minha vestimenta
molha as mechas dos meus cabelos
e me faz esquecer a minha crença

no fim da noite acaba a festa
festa essa que nada tem de novo
as vozes já se foram
libertando o meu sono

Bruno Giannotti

Uma noite, apenas...

Céu estrelado
noite quente
apenas uma face
perdida em um mar de rostos

o destino conspira
mentes se encontram
parece um sonho
ou talvez não...

lábios quentes
olhos verdes

será verdade?
paixão inesperada...
as horas passam
tornando-se eternas
em algum lugar distante

porém tudo acaba
a noite é despedaçada pelo sol
assim como a alegria
despedaçada pela verdade

a vida é um hiato
tem o som breve
e dependendo da palavra dita 
pode ser muito significativa
ou talvez não

Bruno Giannotti

A alma do lado de fora

É quando a alma vai ao vento
sem sentimentos
viajando ao relento
que você sabe que é o fim
tal qual nasceu dentro de mim

o passado existe para ferir
sem falar na dor de existir
nada volta a ser como antes
nada antes foi como agora
o tempo se fecha
a chuva piora

é quando você se molha
olhando para dentro
do lado de fora

lá dentro estão as pessoas felizes
que cruzaram nosso caminho
mas não demos valor
nós estamos agora no frio
e elas estão no calor

perdemos tempo e amor
mas agora é o fim
agora acabou

Bruno Giannotti

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Criaturas abissais

As fossas das Marianas não são tão profundas quanto eu
os enigmas das piramides de nada tem a ver comigo
os meus mistérios são o seu abrigo

as criaturas abissais sobrevivem na treva
chamam a treva de lar
é onde você deve estar

saio a noite, fico a espreita
talvez seja hoje, ou talvez não
ainda é cedo para aceitar a escuridão

onomatopéias só importam para quem as deseja ler
minha memória atrai você?
sejamos francos, os sons não significam nada
mas as expressões irão refletir o drama
ou a piada

se desejar, mergulhe e tente me compreender
do contrario, só restaria esquecer

você tem coragem de esquecer?

Bruno Giannotti

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Luz na escuridão

Já se apagou a luz na escuridão
entorpecidos e sozinhos
perdidos, esquecidos

os últimos que restaram
aqueles que se auto abandonaram

já não há chance,
nem uma voz na escuridão
somente sombras sem rosto...
era muita solidão

nau a deriva,
navegando em um mar de fumaça sonora
sem saber se ficar é bom
ou se melhor é ir embora

lá fora já é dia
aqui dentro a noite é eterna
mas essas almas vagam sem saber
nenhuma delas é você

fiz de você uma ilusão
era a luz, a refração
agora vou caindo
nessa nossa escuridão
essa dor que não vai embora...
era muita solidão

Bruno The Joker

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Boca Doce

Na escuridão,
em um tempo remoto e esquecido

tudo era nada, já não fazia mais sentido

do semblante só memórias
daqueles dias só histórias
será que era real?
ou foi um sonho louco
terminado a pouco

entorpecido pelo alcool
pela música e tabaco

eu não tinha certeza...
sai sem rumo, no desatino
sem querer avistei ela
estaria ali o meu destino?

olhos negros, reluzentes

boca doce, displicente
franja desenhando o rosto
da boca não esqueço o gosto

me levou a tempos escondidos
a eras perdidas
a  sonhos esquecidos

e foi bom
me diverti

como me diverti
sem me dar conta eu sorri

Bruno Giannotti


domingo, 28 de setembro de 2014

O novo tempo

O novo tempo é efemero
nada é feito para durar
a tecnologia avança
a técnica a faz vingar

a ética mostra as regras
que a moral não pode acompanhar
pois conservar atrapalha o jogo
que o capitalismo quer ganhar

é um efeito global
talvez seja impossivel parar
os raios gama podem destruir tudo
bastaria um botão a apertar

o novo tempo é efemero
nada é feito para durar
o planeta virou um supermercado
cheio de lixo a vender e ingenuos para comprar

o novo tempo é efemero
doente por cobiçar
choro ao não ver que nada é para sempre
e quando a grande hora chegar nada iremos levar

Bruno Giannotti

sábado, 19 de julho de 2014

Acordando

Por mais que pareça estranho
o passado parece que não era eu,
era alguém mais ousado
sem medo nem resgardo

das mulheres
das bebidas
foram noites esquecidas

hoje sou outro, 
os amigos já estão distantes
nada é mais como antes

a solidão é a compania
toda noite
todo dia

mas ao ouvir uma velha música
algo hoje a noite em mim desperta
visto a velha jacketa
as botinas
a motocicleta

afinal uma vez caçador sempre caçador
cair na noite hoje eu vou
na espreita
relembrando a velha seita

se já não existem amigos presentes
eu vou continuar os precedentes
é oque resta
é oque importa
pode entrar garota linda
aproveita e fecha a porta!

Bruno the joker

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Nuvem

As arquiteturas não se firmam
tornando a lembrança escaça
a beleza cai no esquecimento
da continuidade interminavel

a tristeza é solene
pela morte diária de obras de arte
pela fundição de figuras
e suas lágrimas de tempestade

aos olhos do imprevisivel que caminha
pode ser inspiração
alegria em fundo azul turqueza
ou trsiteza em um fundo nublado e sem tom

as asas que te cortam 
são maquinário ou biologia
ou a suavidade agressiva
do imaginário da mente viva

o deseja de icarus
é popular e milenar
pois o bipede almeja
o algodão macio do teu lar

as arquiteturas não se firmam
o vento implode as estruturas
e a noite consume o teu brilho
enquanto tu encobres a lua

Bruno the joker

terça-feira, 15 de abril de 2014

Pela janela

Velhos dias em novos tempos
nós perdemos e como perdemos
nós queriamos, e ainda queremos


o vento frio congela os dedos
a velocidade dispersa os medos
sou eu, sempre fui eu

cade o fogo? 
cade o jogo?
eu não queria jogar de novo...


a pele enruga
a alma deseja sair em fuga
o tempo grita

a beleza já não é tão bela
a solidão fica presa
olhando pela janela

para onde iremos amanhã?
não existe um amanhã...

Bruno Giannotti

domingo, 6 de abril de 2014

Caminho oposto

tortuoso, indescritível,
foi algo terrível,
que chegou e abalou as estruturas,
intermitente em sua textura

era frio, vazio, e pálido

paredes brancas, teto branco, chão branco
enganando os olhos em uma ilusão de ótica infinita
que apareceu e foi banida
com o fechamento das palpebras...

eram maus espiritos que adentraram o recinto
a alma silenciosamente deu um grito
seria o fim?
não podia ser isto que esperava ali por mim

e foi doloroso
o sangue escorria pelo encosto
o leito frio era sinistro
um fiel e vil registro
daqueles dias

foi então que veio a força,
a negação, tornou-se oposta
era o velho se pintando de novidade
esqueceriamos as nossas idades

o primeiro passo,
que era na verdade incontavel
rumo a tentativa
um novo mundo
uma nova vida

parti disposto
na estrada eu peguei o caminho oposto
rumo aos olhos que ali surgiam
e as músicas que ali ouviamos

foi quando a esperança sorriu para mim
e eu sabia que havia espantado o fim
ainda é cedo
apesar de breve
já não há mais medo.

Bruno Giannotti

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Treva e sangue

confiança,
queda brusca de condição
o céu tornou-se negro
os raios trouxeram o medo

rasgam o céu como uma tesoura na seda
sem pudor, sem permissão
fica a espreita, vem devagar
e te rouba o coração

cai a chuva, torrencial e bruta
te molha o corpo despido de qualquer pretensão
você entra no velho jogo
mesmo sabendo que se trata de ilusão

a névoa encobre, a chuva lava o corpo
mas não a alma, pois esta se perdeu
fugiu quando percebeu
que era errado...
jamais devemos reviver nosso passado.

confusão, sem recomeço
treme a terra, eu adormeço
sonho vil e pesadelo
não sei qual veio primeiro

treva e sangue encorpados no meu copo
que degusto com desprazer
me entorpece, me desfavorece
sem saber o que fazer

os corpos dançam com o fogo da paixão
que queima bruto, sem a sua permissão
a noite turva consome o dia
sem direito a apatia

eu ouço gritos nesta vil imensidão
a chuva continua caindo
todos os sonhos vão sumindo
enquanto os pingos vão caindo...

Bruno the joker