segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Os malignos

Pai, afaste de mim este cálice
Pai, afaste de mim este cale-se
afaste de mim o tormento do inferno
não me deixe deitar para sempre
ainda é cedo para o silêncio eterno

os perdidos regressam
os achados já não interessam
o contexto já é velho para quem o leu
já não estamos mais em nosso apogeu

a janela de fogo ainda está lá
mas já não posso entrar
lá dentro as sombras ainda dançam
e os corpos balançam
aqui fora, chegamos e vamos embora

os malignos estão pela treva da noite
tentando recuperar sua alto estima
mas já é tarde para acordar
o demônio tem a alma feminina

a noite chama
a velocidade engana
o chão está pronto
na lápide está escrita a sua fama

está na hora
o sangue flui
a morte implora
a memória retorna
do pó ao pó

Bruno Giannotti


segunda-feira, 11 de julho de 2016

É o fim do outono

A chuva continua caindo. Cada gota bate no solo violentamente, trazendo ao silêncio uma funebre sinfonia, triste, continua, dolorosa...
Raios rasgam o céu, alguns chegam ao solo destruindo tudo aquilo que tocam. Sua força espantosa o faz tão solene e poderoso, mas sua fúria o deixa tão sozinho e impetuoso. Trovões completam a sinfonia. 
Seu forte barulho se convertem em gritos de dor e de lamento, acordando a noite, adormecendo o dia, trazendo a tona o vazio, o nada, o vácuo, a utopia do universo, o lugar onde a dor não existe, nem a alegria...o lugar onde a vida e a morte são sugadas, como dois simples brinquedos, tão simples, tão frágeis, finitas. Pois neste lugar nada pode existir.
O cataclisma tragou todas as estrelas do céu e apagou o universo, tornando tudo em um frio e obscuro buraco negro.
Não resta mais nada, aqui é tão escuro, tão silencioso, que se torna ensurdecedor. O perigo é imediato, a solidão acorda meu inimigo, minha própria mente conturbada, o limite está próximo, como estar a beira da loucura, preso e acorrentado a uma realidade fétida e injusta, prestes a cair na utopia, no vazio, no esquecimento.
Nada pode reverter a situação, nem a mais forte das tentativas. As forças estão no fim, o passado vem a tona, junto com seus espíritos e fantasmas. O labirinto não tem saída. Todos morreram, não há mais ninguém para pedir ajuda.

Bruno The Joker

É outono

As folhas caem das árvores, cobrindo caminhos
as pétalas das flores dão um colorido diferente à tão pálida morte, enquanto a natureza morre silenciosamente.
Campos que outrora foram verdes e viventes, tornam-se cinzentos e tristes assim como o céu, tão nublado e sombrio.
O branco e o preto tomam conta do horizonte enquanto as cores são tragadas pela imparcialidade do destino, tão frio e calculista.
O mundo se torna um imenso cemitério, onde a morte reina em seu império de descanso eterno, sentada em um trono de cranios.
O silêncio toma conta de tudo, o vento e seu zumbido tornam-se uma triste sinfonia de paz que ninguém mais pode ouvir.
O tempo não pode retornar, a existência some aos poucos, junto com as estrelas que se apagam, escurecendo o universo.
A entropia leva tudo a um fim clemente.
Chegamos a um ponto onde o tempo é obtuso ao espaço e nada pode existir.
O começo, o meio e o fim se convertem com o nada e o tudo, que agora jazem juntos no tumulo clemente da inexistência.

Bruno The Joker

A grande escola

Retorna o filho pródigo
e o inválido distingue o crepusculo
descobre que amar não é um código
ao sentir que o coração não é só um musculo

ontêm eu pensei como nunca fizera antes
e pude ouvir os gritos da existência
vi que o amor não é posse de gigantes
descobri que nada quebra o espelho da escência

Assim é o despertar
ver um admirável mundo novo
e morto em vida estará
quem não quiser amar; o grande tolo

Um grande erro é dar valor ao que perde
a grande escola da vida é assim
hoje você está por cima
amanha procura o fim

O tempo não retorna
reveja teu chora de criança
será sempre uma divina comédia
a tristeza de viver da lembrança

Bruno The Joker

Lágrimas

Lágrimas escorrem dos meus olhos, libertando dores e ressentimentos de uma vida inteira
levando-os para longe, curando as velhas feridas e impedindo que novas se abram,
trazendo lembranças doces de momentos agradáveis e trazendo saudades boas de sentir.
Traz esperança e confiança, renovando forças e reforçando a fé que um dia foi esquecida.
Oh, lágrima! calorosa e salgada, lágrima cristalina e pura, escorra para sempre se for preciso, forme rios, mares e oceanos, cure e renove a vida. Chegue aos olhos daqueles que nunca a tiveram, leve luz aos que caminham na escuridão e transforme esse mundo em um lugar melhor.

Bruno The Joker

Tempestade

Tempestade, fria tempestade, negra tempestade que cai
Raios e trovões que destroem, até a mais forte montanha se vai
chuva negra, chuva ácida, chuva maligna que cai
chuva negra, chuva ácida, que pelas ruas se vai
água que some em uma encruzilhada, 
encruzilhada negra e abandonada
água que flui, água que cai, sem direção acaba parada
em cada gota, uma esperança, um sonho a sonhas
uma mentira, uma verdade, algo em que acreditar
mas quando vai de encontro ao chão, o frio e cruel asfalto,
o sonho começa a terminar!
Torna-se lamento, estou a lamentar, o medo me corrói,
estou na estrada a caminhar
tenho medo de não ter forças e parar
medo que a chuva negra comece a vencer 
e não e não hesite em me levar
Tempestade, fria tempestade, negra tempestade que cai
Raios e trovões que destroem, até a mais forte montanha se vai
chuva negra, chuva ácida, chuva maligna que cai
chuva negra, chuva ácida, que pelas ruas se vai

Bruno The Joker

Fascinoras ordinários

No auge de minha loucura, encontro-me vagando no cemitério, na penumbra revolta da noite.
Sinto que não há mais volta. Posso ouvir as gargalhadas oriundas do inferno.
Sento-me no mausoléu de algum cretino qualquer que na certa foi um canalha em vida, e dou risadas pois agora vermes comem seu cadáver apodrecido.
Lágrimas de sangue escorrem dos meus olhos enquanto o demônio repousa sua mão sobre meu ombro e sussurra palavras de ódio em meu ouvido esquerdo.
Em meio as suas palavras mentirosas, sinto-me inojado e começo a correr...minha revolta cresce.
O mundo está cheio de canalhas, putas e bastardos e eu sou um louco enfurecido.

Bruno The Joker

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Semente ruim

Não existem contos de fadas
estou preso dentro de minha própria incompetência 
e minha existência está comprometida
não há compreensão dentro da obscura realidade do meu ser
sou um ser imperfeito e sou o único habitante de um mundo surreal
onde não existem desejos pois as vontades se alienaram
na minha mente pairam a destreza e a infelicidade do meu corpo inerte 
minha alma esfarelada suplica por  por respostas
clamo por fatos de um pretérito doloroso que corrói meu espirito
peço para alguma entidade apagar a minha memória
sou o único sobrevivente em uma terra fétida e silênciosa
onde um dia algum irresponsável plantou uma semente ruim
dando origem a uma árvore podre que destruiu toda floresta me deixando só
essa árvore no auge de sua impureza se chamou de humanidade

Bruno The Joker

Fim Lastimavel

Aquele que sofre se sente perdido
sente os anceios da morte
os dias se tornam um martirio
pra quem não se sente tão forte
onde seu sonho é pesadelo
você se sente a vontade
pois no teu mundo és um leigo
por se opor a própria sorte
as idéias somem na rotina
em teus olhos se estende uma cortina
agora usa a pena para passar o tempo
em uma tosca e inútil rima
e tudo é sem importância
assim como o teu simples reflexo
ao sobreviver de arrogancia
se tornando comum e sem nexo
teu futuro é uma incognita
se teus ideais já encheram o saco
assim como tua luta impossivel
e teu semblante tão vago

Bruno The Joker

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Exposto

No teu suor um frio nervoso
as agruras de um morfético leproso
teve medo
um mal estar vertiginoso

era tarde
veio firme
sem razão nem explicação
na coronha o teu crime

foste burro
desfigurou o velho índio
o peiotista sagrado
que vira todo infanticidio

vejo teu herói
criando o teu vilão
em uma espécie de santa ceia da fera
Belerofonte e a Quimera

vejo você 
que está triste
fugindo ao longe
para que ninguêm o aviste

você errou
atirou no inocente
você era o inocente, o generoso
agora é o cadaver exposto

Bruno The Joker

Noturna

Cai a noite, tão fria e majestosa
Cai a noite, tão misteriosa
seus segredos são tantos que a tornam perigosa
caminhar a noite traz todo realismo
em ver de perto a crua face do abismo
vendo estrelas se apagarem uma a uma
enquanto suas lágrimas secam no chão de um beco escuro e sem saída
treva da noite que acalma a tua alma
o obscuro que se torna o teu futuro
tua memória que lhe traz tua triste história
caminho escuro que lhe faz viver em luto
tanto tempo se passou
toda luz se apagou
agora você caminha perdido
rumo ao desconhecido
seu coração ficou amargo
sua alma se perdeu
seu tempo terminou
seu sonho se quebrou
pra que lutar quando se está sozinho?
pra que chorar quando ninguêm lhe acalma?
pra que gritar quando ninguêm lhe ouve?
pra que sofrer?
vida noturna
noite madrasta
somos todos seus filhos
somos criaturas...
criaturas da noite

Bruno The Joker