segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Os malignos

Pai, afaste de mim este cálice
Pai, afaste de mim este cale-se
afaste de mim o tormento do inferno
não me deixe deitar para sempre
ainda é cedo para o silêncio eterno

os perdidos regressam
os achados já não interessam
o contexto já é velho para quem o leu
já não estamos mais em nosso apogeu

a janela de fogo ainda está lá
mas já não posso entrar
lá dentro as sombras ainda dançam
e os corpos balançam
aqui fora, chegamos e vamos embora

os malignos estão pela treva da noite
tentando recuperar sua alto estima
mas já é tarde para acordar
o demônio tem a alma feminina

a noite chama
a velocidade engana
o chão está pronto
na lápide está escrita a sua fama

está na hora
o sangue flui
a morte implora
a memória retorna
do pó ao pó

Bruno Giannotti